QUANDO NOSSO AMOR É MAIOR DO QUE O DO OUTRO
Existe um tipo de amor que
quando chega tira o nosso próprio coração da gente, e quando parte, leva nossa
vida com ele. A gente deixa de ser a gente quando não está com ele, e perdemos
os nossos referenciais sobre quem somos, do que gostamos e de como tudo era,
antes mesmo de conhecê-lo. É um amor mesquinho, porque nos rapta completamente,
sem deixar espaço para que outros sentimentos, pessoas e emoções trafeguem
dentro da gente. E ao mesmo tempo em que ele domina nossa vida, ele não se
permite que o dominemos, então ficamos escravos de uma prisão sem muros, nos
tornamos presos a alguém que não se prende a gente. Embora saibamos lá no fundo,
que é um amor que nos massacra, que nos hostiliza e nos menospreza diante de
todos os nossos esforços e tentativas para agradá-lo, a gente não perde a
esperança, e acredita cegamente que pode mudar o rumo da situação, que o nosso amor
por ser grande demasiadamente, pode amar o suficiente pelo outro, pode fazê-lo
crescer tanto como o nosso, e sintonizar-se na mesma intensidade com a qual o
nosso coração vibra. Diante de um amor assim, a gente está desperdiçando tempo
e doação, porque é um tipo de amor que não se conquista, que não nos retribui
na mesma proporção, até porque o amor não pode ser imposto, exigido,
aprisionado e egoísta, ele é livre e se prende por opção, por vontade de se
tornar um, quando encontra o outro.
Amores assim exige LIBERTAÇÃO.
É necessário, primordial, e urgente que se quebre as algemas, mesmo que possa
nos ferir, sangrar, e doer, mas é crucial que se rompa todas as amarras, e se
blinde de amor próprio, para conseguir combater um sentimento que ao invés de
fazer o bem, destrói.
QUANDO O AMOR CERTO ACONTECE
Há pessoas que quando toca o
nosso coração colori todos os espaços a nossa volta, e quando entra para fazer
parte da nossa vida nos faz sentir a pessoa mais especial do mundo. Essa pessoa
faz todas as nossas antigas feridas cicatrizarem, e nossas decepções e
frustrações passadas se tornarem apenas memorias adormecidas. É uma presença
tão mágica na vida da gente, que nos faz transbordar de felicidade, entre
sorrisos e suspiros, e ficamos até inseguros pelo fato de estarmos tão felizes,
pois no assustamos com a possibilidade de que de repente tudo possa acabar.
Chegamos a nos questionar a Deus se somos realmente merecedores desse amor,
dessa pessoa, e dessa felicidade. Esquecemos que durante muito tempo sofremos
por amores que não nos mereceu, que não nos valorizou, e que apenas nos feriram
e nos deixaram cicatrizes. Esquecemos que choramos muitas noites, e que apenas
Deus esteve ali conosco, nos segurando enquanto o nosso coração sangrava. Por
isso, quando um amor restaurador nos acontece, temos só que agradecer e louvar
pela dádiva de amar e ser amado. Amores assim exige RECIPROCIDADE. E é diante de um sentimento dessa grandeza, que nos
completa, que nos reconstrói, e que nos fortalece, que podemos nos estender e
nos doar, não só para ele, mas para a vida, para as coisas que nos cercam, e
que nos fazem ser quem somos. Porque um amor em harmonia, na mesma sintonia que
a nossa, nos faz renascer diante daquilo que há de melhor em nossa essência, e
nos faz querer estar presos a quem nos deixa completamente livres.
Indiretamente ou por um ato
brusco, precipitado ou intencional, mediante as divergências do relacionamento,
acabamos machucando a quem amamos, e perante o mesmo contexto podemos ser
feridos profundamente. Numa guerra onde o amor deve ser preservado, não se pode
haver egoísmo, ingratidão, e deslealdade, nem rancores, vinganças ou
desconfianças. Ninguém disse que amar não oferece riscos de perdas, nem garante
um mar eterno de tranquilidade. A convivência entre duas pessoas, embora se
amem, pode acarretar constantes desafios diante das diferenças, sejam elas de
escolhas, opiniões, personalidade, e de objetivos distintos, o fato é que
sempre poderá haver contratempos no relacionamento, e o que pode ser feito para
que essas divergências não se tornem maiores que o sentimento que une os dois,
é medir as palavras e as atitudes. Em circunstancias como essas, o amor exige SENSATEZ. Porque por maior que seja a
discursão, o conflito, a discordância, ou o erro que ambos, ou um, tenha
cometido, ainda assim, o amor não poderá ser colocado em prova por essa
perspectiva. Um compromisso assumido é uma aliança que se coloca para
entrelaçar dois corações, sendo assim, nenhuma decisão ou atitude, pode ser
tomado apenas pensando por um, mas no interesse dos dois envolvidos. Do
contrario, o amor pode ser perdido, quebrado, e não mais se restaurar da forma
completa que já foi. Quando não se chega a um ponto em comum de concordância, e
quando um pedido de desculpas ou o perdão não apaziguam a situação, então o
melhor a se fazer é refletir e recuar, por um tempo, ou por um momento, para
não perder aquilo que talvez possa não ser mais reencontrado.
RASURAS DA INFIDELIDADE
Provavelmente apenas quem
tenha vivido uma traição é que saiba realmente sobre a intensidade da dor que
nos atinge por dentro. É um furacão que arrasta tudo de bom que havia sido
plantado, como se arrancasse as raízes de nossa alma, e as próprias veias de nosso
coração. Talvez o pior da infidelidade não seja a outra pessoa, mas a
deslealdade com a qual a “nossa pessoa” nos desrespeitou, e a capacidade
destemida de colocar em risco tudo o que foi edificado há tempos e a dois. O ato pode ser instintivo, ou premeditado,
mas ambos demonstram a insensibilidade e desconsideração de fazer o outro
sangrar, sem imaginar a dor por ele. Quando se escolhe andar por um caminho de
mãos dadas, significa dizer que muitas vezes teremos vontade de andar mais
soltos, com os braços e mãos livres, porém se fizermos isso, deixamos para
atrás a mão que segurava a mão da gente. É fato que para cada escolha que
fazemos há uma renuncia. E para cada erro cometido pode haver o perdão, ou a
repetição. Tudo se resume a escolhas, há quem se arrepende definitivamente de
uma traição cometida, há quem perdoa, há quem se acostuma a conviver com ela, e
há quem parte depois dela. Amores vivenciando uma situação sob estas
circunstâncias exige REFLEXÃO. Quem
dói, deve saber até onde aguenta ser ferido, e quem fere, deve ter a
consciência sobre quanto pode custar a sua ação. É preciso antes mesmo de fazermos nossas escolhas, nos colocarmos
no lugar do outro, imaginando para ele o que desejaríamos para nós, e essa é a
melhor maneira de se aprender sobre limites e respeito.
AMORES QUE FEREM
Há relacionamentos que
sangram o tempo todo, que nos ferem, machucam, que reabrem as feridas que
estavam cicatrizando, e que nos rega frequentemente com lágrimas. Certamente
que o amor precisa estar em evidência, vivo, e para isso é necessário vivenciar
emoções fortes, sair da zona de conforto, repudiar o gelo e fugir do conformismo
morno, ele precisa enfrentar desafios, e se fortalecer diante dos confrontos e
das adversidades da relação. Porém, isso não significa que temos que nos deixar
crucificar ou escravizar por um sentimento mártir. Brigas são normais ou
aceitáveis em uma relação, desde que elas construam uma discussão positiva,
onde se esteja buscando o melhor, tentando encontrar o equilíbrio entre os
envolvidos. Em um relacionamento sempre poderá haver opiniões contrarias e
divergências sobre pontos de vistas distintos, mas em contrapartida, deve haver
também o farol da harmonia, que guiam os amantes a um porto seguro, de um ponto
em comum. Além disso, o amor precisa manter-se aquecido sobre duas asas
distintas, ele não sobrevive apenas de idas, de doação, e numa estrada de mão
única. O amor precisa de vindas, de comunhão, partilha, numa via de mão dupla.
Não se pode dar afeto, cuidado, carinho, consideração, e só receber
hostilidades, destratos, ingratidão, e ainda levar adiante essa situação como
normal. Amores assim exige RESPEITO.
Nenhuma relação pode permanecer sadia se for ferida a todo o momento, ela não
suportará sobreviver em cima de cacos, de pedaços doloridos do coração. Se
houver feridas abertas, estas precisam ser observadas para se decidir a melhor
maneira de trata-las. Pois precisarão ser cuidadas, costuradas, e cicatrizadas, porque embora o
coração seja resistente, em se tratando de sentimentos, nem todos tem a mesma
resistência e a mesma paciência.
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